terça-feira, 2 de junho de 2009

based on a true story


Ela não sabia o que fazer.
Não desta vez.
Sorriu e olhou em volta.
Não encontrou.
Fez questão de desmontar o sorriso tranformando-o em algum pensamento - qualquer que fosse.
Deixou-se caminhar permitindo que cada passo a conduzisse para o que a esperava, ainda não tinha certeza, quase já podia sentir, mas ainda tinha que saber qual deles.
Um galpão escuro e frio, reconheceu aquele lugar imediatamente o peso da lembrança a segurou imóvel por algum tempo, subitamente voltou e suas pernas continuaram a caminhar até o lugar em que seu corpo estivera por algum tempo que não sabia ao certo, - sim, ela sabia, cada segundo contado por um tic-tac incessante de um relógio de parede - concentrou-se numa mancha escura no chão, sentiu, fechou os olhos, aperto-os com força, abriu-os novamente, e lá estava ela novamente deitada de bruços. Um peso se fazia constante sobre ela, seu corpo todo se movimentava num ritmo acelerado, sempre empurrado pra frente, tomou consciência de seu rosto, percebeu que a mão de alguém era apertada com força contra à sua boca, ouviu um gemido, voz, mão, peso, corpo, masculinos. Um homem se satisfazia no corpo dela, aquele era o primeiro. Conhecia o cheiro, ele sempre esteve por perto, agora estava perto demais, viu um violão no canto da parede, vozes de crianças e um barulho alto a fez voltar. Agora era arrastada pelos braços, saira de um carro, não era mais criança. Invadida por um no carro mesmo, por outro e mais outro - não, o terceiro não a poupou - na casa, o chão era frio, a casa não tinha móveis, pelo menos não se lembrava de nenhum, apenas um objeto, uma arma, na sua cabeça. No momento que ele atiraria, sentiu que ia voltar, ondas de calor por todo corpo, abriu os olhos devagar, pra voltar à realidade que a esperava impaciente.
Um quarto, uma cama, um relógio inútil que marcava sempre meia-noite, seus braços algemados ainda procuravam uma solução para falta de sangue, estava nua exceto pela calcinha. Jessie ainda sentia o cheiro de moedas, de sangue quente, o cheiro daquele dia... do dia em que o sol desapareceu.

[Lago Dark Score] ela entende

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