Aquele dia se arrastava. Como todas as outras vezes tentava encontrar na casa algo que pudesse me manter ocupada, cada minuto era precioso, e eu precisa deixar minha mente vagar pra algum lugar longe dali. O corpo começou a pedir pelo seu combustível, desesperado mandava pra mim sinais de que o álcool já não corria em minhas veias, eu precisava beber, eu não podia beber. Procurei uma vassoura, a minha primeira - e única - idéia. Limpava a casa quase em câmera lenta, uma música tocava no rádio do vizinho, já não havia mais nada pra limpar, me sentei na varanda, acendi um cigarro, senti aquele costumeiro buraco em meu peito, a dor do vazio, a dor da perda, o cigarro acabava, e o dia também.
No meu quarto, na minha cama, na minha janela, a lua se formava limpa, imensa, linda, era tarde, não deveria ter ido pra cama, o sono me envolveu e eu já não podia respirar, a escuridão me pegou e eu já não podia fugir, sentia todo o meu sangue congelar e eu estava na frente dele. Ele veio até mim, me afoguei em seus braços de novo, ele estava nos meus sonhos, ele nadava nos meu olhos. Ah se eu pudesse te-lo assim pra sempre! O medo se apoderava de mim, dançavamos sob a luz azul, eu não era nada sem ele, ele estava desaparecendo... eu estava de volta na cama, eu estava de volta. Todo aquele tormento de novo, o buraco latejando novamente no peito, corri as mão pela cama, não sabia o que procurava, ele não estaria ali, a lua estava indo embora... e eu acordei sozinha.
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